Economia brasileira cresce 1,9% no primeiro trimestre deste ano
Segundo o IBGE, o PIB acumula alta de 3,3% no período de 12 meses
Publicado em 01 de Junho de 2023 às 02:49 PM

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou um crescimento de 1,9% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com os últimos três meses de 2022. Esses dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (1º), revelando um valor total de R$ 2,6 trilhões para o PIB nesse período.
Em relação ao primeiro trimestre do ano anterior, a economia brasileira apresentou um avanço de 4%. Ao longo dos últimos 12 meses, o PIB acumula um crescimento de 3,3%.
Com esse resultado, a economia brasileira atingiu o seu maior patamar na série histórica, que teve início em 1996, e está 6,4% acima do nível pré-pandemia, registrado no último trimestre de 2019.
Setores
O crescimento no primeiro trimestre em comparação com o trimestre anterior foi impulsionado pelo setor agropecuário, que apresentou um aumento de 21,6%. De acordo com o IBGE, esse resultado é explicado principalmente pelo aumento na produção de soja, principal lavoura de grãos do país, responsável por 70% da safra no primeiro trimestre e com perspectivas de atingir um recorde de produção neste ano.
"A soja tem um peso muito grande, especialmente no primeiro semestre do ano, quando ocorre a colheita. A expectativa é que a soja cresça quase 25% em relação ao ano anterior, com ganhos de produtividade", explica Rebeca Palis, pesquisadora do IBGE. "A soja foi a grande responsável pelo crescimento da economia como um todo."
O setor de serviços, que é o principal da economia brasileira, também registrou crescimento no período (0,6%), com destaque para o desempenho das atividades de transporte e atividades financeiras, ambas com alta de 1,2%.
Já a indústria teve uma variação negativa de 0,1%, o que, segundo o IBGE, indica estabilidade. Os bens de capital (máquinas e equipamentos utilizados no setor produtivo) e os bens intermediários (insumos industrializados utilizados no setor produtivo) apresentaram queda, enquanto as indústrias extrativas registraram um crescimento de 2,3% e as atividades de eletricidade, água, gás, esgoto e gestão de resíduos subiram 1,7%.
A construção civil e a indústria de transformação tiveram queda no período, de 0,8% e 0,6%, respectivamente. Rebeca Palis afirma que esses setores foram impactados pela taxa básica de juros, que está em um patamar mais alto do que no início do ano passado.
"A construção civil e a indústria de transformação dependem muito do crédito. Elas são afetadas pelo aumento dos juros e pela política monetária restritiva, que eleva o custo do crédito", destaca a pesquisadora.
Ótica da demanda
O crescimento do PIB no primeiro trimestre foi impulsionado principalmente pelo setor externo. As exportações de bens e serviços tiveram uma queda de 0,4%, enquanto as importações recuaram ainda mais (-7,1%).
O consumo das famílias (0,2%) e o consumo do governo (0,3%) também apresentaram alta. Já a formação bruta de capital fixo, que representa os investimentos, registrou uma queda de 3,4% no período, influenciada pela política monetária que encarece o crédito.
O consumo das famílias foi beneficiado por fatores como a melhora do mercado de trabalho, o aumento da massa salarial e a redução da inflação nos últimos meses. No entanto, seu crescimento foi limitado pelo endividamento das famílias e pelo encarecimento do crédito.
Comparação anual
Na comparação com o primeiro trimestre de 2022, o setor agropecuário também impulsionou o crescimento do PIB, registrando um aumento de 18,8%. Os outros setores também apresentaram crescimento: serviços (2,9%) e indústria (1,9%).
Sob a ótica da demanda, o setor externo também contribuiu positivamente, com um aumento de 7% nas exportações. Nessa comparação, o consumo das famílias teve um crescimento de 3,5%. O consumo do governo (1,2%) e os investimentos (0,8%) também apresentaram resultados positivos.
Esses dados indicam um cenário de recuperação econômica gradual do Brasil, com o setor agropecuário desempenhando um papel importante no impulso do crescimento. No entanto, é fundamental monitorar a evolução dos demais setores e os possíveis impactos de variáveis como a taxa de juros e o endividamento das famílias para garantir uma trajetória sustentável de crescimento econômico.