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Saiba por que a economia brasileira pode crescer mais em 2023

Agronegócio e setor de serviços devem estimular avanço do PIB para além das projeções do início deste ano

Publicado em 06 de Junho de 2023 às 10:19 AM

 

Nos últimos meses, as perspectivas para a economia brasileira têm apresentado melhorias significativas. A edição mais recente do Relatório Focus, publicada pelo Banco Central, revelou que a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) feita pelos especialistas do mercado financeiro para este ano é de 1,02%, a maior desde o final de 2022. No início do ano, essa projeção era mais modesta, indicando um avanço de apenas 0,80%. No entanto, os números têm apresentado um crescimento constante desde então.

 

Embora não sejam altas expressivas, é importante considerar que, com um PIB estimado em R$ 9,9 trilhões em 2022, essa diferença de 0,22 ponto percentual representa mais R$ 21,78 bilhões em circulação na economia. Além disso, é surpreendente que essa melhoria tenha ocorrido mesmo com os juros mantidos em um patamar elevado de 13,75% ao ano desde meados de 2022, sem indícios de uma queda substancial.

 

O próprio Relatório Focus prevê, há meses, que a taxa Selic encerrará este ano em 12,50%, o que está longe de ser uma política monetária frouxa. Diante desse contexto, surge a pergunta: como explicar essa melhora nas expectativas? E será que essa dinâmica positiva continuará?

 

"Os dados recentes mostram que os bons resultados do agronegócio têm contribuído para o crescimento", afirma Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi (Associação das Empresas de Financiamento). "Teremos um plantio e uma safra recordes neste ano, o que resultará em uma geração expressiva de renda no setor agrícola, irrigando os canais de renda e estimulando a economia."

 

Segundo Tingas, várias instituições financeiras revisaram suas expectativas para cima, e alguns bancos já projetam um crescimento médio de 1,3% para este ano, superando as projeções do Relatório Focus. "O Ministério da Fazenda também anunciou a revisão dos números para este ano, e a nova projeção do PIB do governo é de 1,6%."

 

Agronegócio e serviços são os principais impulsionadores desse crescimento. Carlos Pedroso, economista-chefe do Banco MUFG Brasil, concorda com essa avaliação, mas ressalta que os resultados não serão uniformes. "O crescimento de 2023 será muito concentrado no segmento do agronegócio, impactando a agropecuária e a indústria ligada a ele", diz ele. "Estimamos um crescimento de 7,5% para a agropecuária e 0,3% para a indústria."

 

Pedroso destaca que o agronegócio está fortemente relacionado ao setor exportador e, portanto, o crescimento global e, especialmente, o crescimento da China são fundamentais para seu desempenho. "Além disso, por se tratarem de produtos de primeira necessidade, eles são mais afetados pela renda disponível do que pelos juros", acrescenta ele.

 

Outro ponto a ser considerado é o setor de serviços. Apesar da forte desaceleração de 4,2% em 2022, ele também contribuirá para o crescimento econômico. "Há uma demanda reprimida muito forte nesse segmento", observa Fernando Lamounier, executivo da empresa de consórcios Multimarcas e mestre em administração pela Yale University. Lamounier avalia que o aumento da demanda por esse instrumento que facilita o consumo indica uma retomada das atividades.

 

Os números podem melhorar ainda mais no segundo semestre. De acordo com Tingas, da Acrefi, as condições podem se tornar mais favoráveis devido ao início do processo de redução dos juros e à aprovação das novas regras fiscais, além da sazonalidade própria da economia, uma vez que os negócios tendem a ser mais dinâmicos na segunda metade do ano. "Além disso, as medidas de estímulo à demanda, como o Bolsa Família, começarão a surtir mais efeito no segundo semestre", conclui Tingas.

 

Em suma, a economia brasileira apresenta perspectivas promissoras impulsionadas pelo desempenho positivo do agronegócio e pela recuperação do setor de serviços. Embora o crescimento esteja concentrado em setores específicos, espera-se que as condições melhorem gradualmente, proporcionando um impulso adicional ao crescimento econômico nos próximos meses. No entanto, é importante monitorar atentamente os desenvolvimentos globais e as políticas monetárias para entender melhor como esses fatores podem influenciar o cenário econômico no Brasil.

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